sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A História de Horror da Minha Vizinha

No blog da Lola (tudo bem, já faz um tempinho que ela fez o post, mas eu lembrei desta história e resolvi contar), para os que ficarem com preguiça, o post fala de uma moça que foi "servida" num churrasco e, a partir desta história, outras leitoras contaram suas histórias de horror. Engraçado, história de horror para homens é ser sequestrado e ter o carro roubado, poucos homens se preocupam se lhes acontecerá algo além de morrer. Mulheres temem serem sequestradas, roubadas e assassinadas, mas além de tudo isso elas têm que temer serem estupradas. É isso aí, meus rapazes, somos muito priviligiados no mundo.
Eu acho a palavra estupro muito feia, mas, a coisa que ela designa é muito mais horrorosa, então, sou contra o uso de expressões atenuantes, como violência sexual, abuso etc, parece que ao trocar a palavra tenta-se diminuir o ato que ela nomeia, fazer com que estupro pareça mais suave, e com isso amenizar o horror disso. Bom, não é para falar de eufemismos que estou escrevendo, mas para contar a história da minha vizinha. Ela é velhinha, bem senhorinha, cabelinho branco, roupinha de velhinha, sempre sentada na frente de sua casa (em cidades pequenas do interior é muito comum as pessoas ficarem sentadas em frente de casa), quem a vê nem imagina seu passado. Minha mãe e minha avó me contaram a história daquela velhinha. Ei-la:
Como toda a mulher de sua época, Dona M. teve que se casar com o homem que se engraçou por ela e recebeu o consentimento de seu pai para fazer dela sua esposa. Casou sem escolher o marido, sem conhecer o homem com quem teria que viver o resto da vida, aliás, ela sempre foi escolhida, nunca escolheu. Não sei como foi o início do casamento, se foi bom, mas sei que eles tiveram duas filhas. Minha avó os conheceu quando eles se mudaram para a fazenda vizinha à que ela morava. Dona M. era uma mulher boa e seu marido era ciumento e violento, muito ruim para ela e para as filhas. Ele as deixava trancadas, batia na esposa, bebia e tudo o mais que um típico "homem" faz com suas famílias. Elas sabia que poderia morrer qualquer dia nas mãos de seu marido, o medo a acompanhava o dia inteiro, todos os dias. Um dia ela encontrou um vidro de veneno no paletó do marido e teve certeza de que ele a mataria. Eles cultivavam uma horta que ficava um pouco afastada da sua casa e um dia ele a chamou para ir até lá ver as abóboras que ele havia plantado, Dona M. deu uma desculpa para não ir, pois sabia que ele a mataria lá, mas ele deixou bem claro que no outro dia, quando ele chegasse do trabalho ela iria com ele ver as abóboras. Nesta noite Dona M. escondeu o frasco de veneno e perguntou às filhas quem elas preferiam, o pai ou ela. As filhas responderam que preferiam a mãe. Depois da resposta das filhas Dona M. colocou o veneno na sopa do marido. Se as filhas tivessem escolhido o pai, ela teria tomado o veneno.
Que triste ter uma vida destas. Nunca ter escolhido nada, nem nome, nem marido nem se vive ou não, a vida dela estava nas mãos do marido e ela a colocou nas mãos das filhas. Para salvar a sua vida seu marido teve que morrer, bem feito, mereceu tomar do próprio veneno, mas poderia ser tão diferente.